Notícia

Farmacêutico Márcio Antoniassi

9 em cada 10 pacientes com asma no Brasil apresentam doença descompensada (23 notícias)

Publicado em 12 de maio de 2023

A asma está entre as doenças crônicas mais prevalentes no Brasil e no mundo. Segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), a doença acomete cerca de 20 milhões de pessoas em território nacional, e consta entre as maiores causas de hospitalização no SUS (aprox. 350 mil/ano). [1] Estima-se que 23,2% da população brasileira viva com a asma, cuja incidência varia de 19,8% a 24,9% entre as regiões do país. [2]De acordo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), a doença está associada a 2 mil mortes por ano no Brasil. No entanto, dados de 2019 da Asbai indicam que 73% dos pacientes não seguem todas as recomendações clínicas, 47% admitem não usar os medicamentos prescritos com regularidade e 9 em cada 10 pacientes apresentam quadro descompensado.

No mundo, mais de 260 milhões de pessoas foram diagnosticadas com asma em 2019, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença figura como uma das principais doenças não transmissíveis, acometendo 6% das crianças e 2% dos adultos no mundo[3] . No Dia Mundial de Combate à Asma (2 de maio de 2023), celebrado desde 1998 na primeira terça-feira de maio, destaca-se a importância do tratamento preventivo e da conscientização sobre uma enfermidade que gera grande preocupação nos órgãos de saúde, mas cujos desfechos são muitas vezes subestimados ─ tanto pela população geral como por profissionais da saúde. A data é organizada pela Global Initiative for Asthma (GINA), uma organização colaborativa da OMS, fundada em 1993.

Entre os esforços para melhorar a assistência médica no Brasil, em março de 2022, o Ministério da Saúde lançou, em parceria com o Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (IATS), a Linha de Cuidados da Asma, uma iniciativa voltada para profissionais da saúde. Além disso, desde o final da década de 1980, o Ministério da Saúde articula, através do Instituto Nacional de Câncer (INCA), um conjunto de ações nacionais que integram o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). O PNCT busca reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao tabagismo, que, além de aumentar e agravar os sintomas da asma, dificulta o controle da doença. Em 2021, foi publicado o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma.

Em âmbito internacional, a OMS divulgou medidas para ampliar o diagnóstico diferencial e o tratamento da doença por meio da implementação do Pacote de Intervenções Essenciais contra enfermidades crônicas para a atenção primária, desenvolvido para ajudar a melhorar o controle e a assistência médica em locais com poucos recursos. A asma também consta no Plano de Ação Global da OMS para a Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis e na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Covid-19 e asma – Desde o início da pandemia de covid-19, muito se especulou sobre a contribuição da asma para o agravamento e a letalidade da covid-19. [4]No entanto, os resultados de um grande estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e divulgado no periódico Frontiers in Medicine que avaliou pacientes hospitalizados no SUS por covid-19 grave sugerem o contrário: segundo a pesquisa, a asma pode ter um papel protetor na infecção pelo SARS-CoV-2. No entanto, ainda não são necessários mais estudos para embasar possíveis associações.

Vale salientar que, no Brasil, apesar da falta de divulgação dos dados referentes aos últimos anos, o Ministério da Saúde informou que, entre maio e junho de 2021 (durante o auge da pandemia de covid-19), foi registrado um pico de atendimentos relacionados à asma no SUS (cerca de 158 mil), mas não há informações sobre mortes ou a gravidade dos casos notificados.

Fonte: Medscape