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55% das deep techs brasileiras ficam em São Paulo (43 notícias)

Publicado em 25 de outubro de 2024

Ao contrário de ecossistemas de inovação mais maduros, as deep techs brasileiras demoram mais de cinco anos para iniciar o crescimento. Há organizações que estão no mercado há mais de uma década e ainda não conseguiram avançar no escalonamento de suas tecnologias, constataram os autores.

“O desafio de obter financiamento para o desenvolvimento de tecnologias no Brasil é grande e muitas startups acabam dependentes de editais de fomento ou de subvenção econômica, apresentando um ritmo extremamente lento de crescimento”, apuraram.

A maioria das deep techs brasileiras mapeadas ainda está focada no desenvolvimento de suas tecnologias, com apenas 30% das organizações avançando para as fases de escalonamento, comercialização e expansão. Essas startups enfrentam um desafio significativo entre o desenvolvimento inicial e final de suas soluções, que passa pela comprovação da viabilidade e aplicabilidade de suas tecnologias para atender a uma demanda de mercado.

“Durante essa transição, enfrentam um obstáculo crítico relacionado ao capital, pois as fontes de fomento público geralmente não se aplicam a esse estágio de maturidade e os investimentos privados são escassos, devido ao risco associado à baixa maturidade tecnológica”, afirmaram.

Programas de subvenção, fomento público e investidores-anjo representam 70% dos investimentos em deep techs brasileiras. No caso das que receberam mais de R$ 5 milhões de investimento, 70% utilizaram recursos públicos, constataram os autores.

“Dado o risco associado ao desenvolvimento tecnológico das deep techs, a combinação com investimento público não reembolsável é uma estratégia necessária para grande parte das startups. A FAPESP, a Finep, o Sebrae e a Embrapii têm desempenhado um papel muito relevante nesse ecossistema brasileiro. Da mesma forma, a cadeia de investimento privado é complexa e demanda vários tipos de investidores em cada etapa do desenvolvimento da tecnologia e do amadurecimento do negócio”, compararam.

O modelo de negócio das deep techs brasileiras está concentrado no desenvolvimento de novas tecnologias para venda direta ou licenciamento para grandes indústrias e os principais segmentos de mercado delas são os de saúde e agronegócio.

Ao comparar a taxa de crescimento médio dos setores de saúde (19,8%) e agro (20,8%) entre 2015 e 2024, os autores observaram que ela está próxima da média dos demais setores (18,8%).

“Esse dado reforça que, apesar do evidente potencial nos dois setores, há um aumento de startups deep techs sendo fundadas para os demais setores e, consequentemente, uma ampliação de suas oportunidades”, estimaram.

*Por Elton Alisson | Agência FAPESP