A Itália foi a principal origem dos primeiros viajantes infectados pelo novo coronavírus, o SARS-CoV-2, que chegaram ao Brasil entre fevereiro e o início de março deste ano
A Itália foi a principal origem dos primeiros viajantes infectados pelo novo coronavírus, o SARS-CoV-2, que chegaram ao Brasil entre fevereiro e o início de março deste ano – período que marca o começo da epidemia de covid-19 no país. As constatações foram feitas por pesquisadores brasileiros, em colaboração com colegas do Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.
“Ao contrário da China e de outros países, onde o surto de covid-19 começou devagar, com um número pequeno de casos inicialmente, no Brasil mais de 300 pessoas começaram a epidemia, em sua maioria vindas da Itália. Isso resultou em mais de 100 casos da doença já no começo e em uma disseminação muito rápida do vírus”, diz à Agência FAPESP Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e uma das autoras do estudo.
Como o principal destino desses passageiros vindos do país europeu foi São Paulo, a capital paulista acabou registrando os primeiros casos da doença no Brasil. Mas, além da cidade, esses viajantes também seguiram para outras nove capitais brasileiras – Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Vitória e Florianópolis –, deflagrando a epidemia da COVID-19 no país.
Os resultados do estudo, apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) no âmbito do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), foram descritos em um artigo publicado no Journal of Travel Medicine.
As estimativas indicaram que 54,8% de todos os casos importados de covid-19 para o Brasil até o dia 5 de março foram de viajantes infectados na Itália, seguidos por passageiros vindos da China (9,3%) e da França (8,3%).