A FAPESP realiza nesta quarta-feira (22/09) a quarta edição da série Conferências FAPESP 60 anos com o tema “ Desafios à Saúde Global ”.
O evento, que contará com a moderação de Helena Nader, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro do Conselho Superior da FAPESP, debaterá como o combate à COVID-19 pode ajudar a encontrar respostas para outros desafios que ameaçam a humanidade, como as doenças virais, fúngicas e bacterianas, com grande impacto sobre a saúde, os ecossistemas e as desigualdades sociais.
“O tema da conferência está relacionado ao conceito de saúde única [ one health ], que defende a integração entre saúde humana, animal e do meio ambiente para o equilíbrio do planeta”, explica Nader.
Endossada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 2008, a ideia ganhou força com a disseminação de doenças como a gripe suína (H1N1), em 2009, a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), na década de 2010, e, mais recentemente, a pandemia de COVID-19. As duas últimas são causadas por coronavírus que, muito provavelmente, têm como vetores os morcegos.
“O espaço de tempo entre as epidemias tem ficado cada vez mais curto. Em razão do desmatamento e da expansão da população sobre áreas de florestas, têm surgido novas ameaças à saúde humana”, observa Nader.
A professora da Unifesp menciona, por exemplo, o impacto da construção da hidrelétrica de Tucuruí (PA) na multiplicação da população de mosquitos, sobretudo o Anopheles, vetor da malária, e o Mansonia, de acordo com pesquisas realizadas por pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC) e do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), recentemente mencionadas em reportagem assinada por João Moreira Salles, na revista Piauí.
Estudo recente estima que apenas 0,025% do viroma – ou conjunto de vírus – da região amazônica é conhecido e que a destruição da floresta pode levar à emergência de novos patógenos e de novos vírus (leia mais em: agencia.FAPESP.br/36634).
Mas a ameaça à saúde humana não está apenas nos novos vírus ou na Amazônia: em dezembro de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre o primeiro caso positivo no país de Candida auris, fungo resistente a medicamentos que representa uma séria ameaça à saúde pública em virtude da taxa de letalidade próxima a 60%. “Isso sem falar nas superbactérias, resistentes a antibióticos”, acrescenta Nader, lembrando que essas bactérias multirresistentes a tratamentos levaram à morte muitos pacientes acometidos pela COVID-19.
“As perspectivas são assustadoras”, afirma Nader. Para analisar os riscos e avaliar soluções, a quarta Conferência FAPESP 60 anos reunirá Andrea Dessen, pesquisadora do Centre National de la Recherche Scientifique (França), Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), e Arnaldo Colombo, professor da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp). A abertura do encontro será feita por Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.
Os interessados podem se inscrever pela página do evento [email protected]. As perguntas serão respondidas durante o evento.
A conferência será transmitida a partir das 10 horas, pelo canal da Agência FAPESP no YouTube.
Mais informações: https://bit.ly/3jwRdpm.