O Brasil teria evitado a morte de 47 mil idosos e teria evitado também 104 mil hospitalizações causadas pela Covid, se tivesse iniciado mais cedo e adotado ritmo mais rápido para a vacinação. É o que estima a Fundação Osvaldo Cruz, junto com várias instituições parceiras, em estudo publicado nesta segunda-feira pela revista científica “The Lancet Regional Health Americas”.
O estudo indica que, de janeiro a agosto de 2021, as vacinas salvaram a vida de 54 mil a 63 mil idosos com 60 anos ou mais. Naquele mesmo período, a imunização também evitou de 158 mil a 178 mil internações de idosos.
Responsável pela compra das vacinas, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi acusado de tentar retardar a vacinação recusando oferta de doses em 2020 e insistindo num discurso antivacina.
O pico de aplicação de 250 mil doses por dia foi atingido entre fevereiro e março. Entre abril e maio, foram alcançadas 500 mil doses diárias. O ritmo de 1 milhão de doses por dia aplicadas só foi alcançado em junho de 2021, mostrou o estudo. Se esse cenário tivesse sido diferente, com maior oferta de doses logo no início da campanha, em janeiro, o número de mortes de idosos poderia ter sido de 40% a 50% menor no período.
O Brasil começou a vacinar depois de países da Europa e dos Estados Unidos, que iniciaram a aplicação das doses ainda no primeiro ano de pandemia, em dezembro de 2020.
O estudo reuniu, além de cientistas da Fiocruz, pesquisadores do Observatório Covid-19 BR, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal do ABC (UFABC) e da Universidade de São Paulo (USP).