Mais cigarro e bebida alcoólica, mais comida ultraprocessada, mais tempo de televisão e de internet, menos exercício físico, menos horas de sono, menos alimentação saudável: este tem sido, em termos de comportamento, o resultado da pandemia para um número significativo de pessoas. Este quadro foi descrito por Marilisa Barros, professora titular de epidemiologia da FCM-Unicamp (Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas), no evento “Depressão, saúde mental e pandemia”, do Ciclo ILP-Fapesp de Ciência e Inovação.
Promovido pelo ILP-Alesp (Instituto do Legislativo Paulista da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e pela Fapesp, o evento foi realizado virtualmente no dia 26 de outubro e transmitido ao vivo pelo canal da Alesp no YouTube.
Os números atestam esse cenário desfavorável: 34% dos fumantes aumentaram o número de cigarros consumidos por dia e 17,6% das pessoas aumentaram o consumo de álcool. E, enquanto o percentual dos que realizavam atividades físicas semanais caiu de 30,4% para 12,6%, houve um aumento médio diário de 1 hora e 45 minutos de consumo de TV e 1 hora e 30 minutos de consumo de computador e tablet durante a pandemia.
E tais indicadores correlacionam-se com sentimentos associados ao quadro depressivo. “Das pessoas entrevistadas, 40,4% disseram ter sentimentos de tristeza ou depressão, e 52,6% afirmaram experimentar sentimentos de nervosismo ou ansiedade, muitas vezes ou sempre. O maior impacto na saúde mental ocorreu nos adultos jovens, nas mulheres e nas pessoas com antecedente de depressão”, informa Barros.