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1º Fórum Nacional de Tecnologia e Inovação para a Indústria de Fundição (1 notícias)

Publicado em 04 de setembro de 2018

O 1º Fórum Nacional de Tecnologia e Inovação para a Indústria de Fundição – Inovação e Tecnologia como vetores para a competitividade, realizado em 30 de agosto de 2018, foi um grande sucesso, reunindo mais de 180 profissionais vindos de todos os Estados do país.

O evento foi uma realização da ABIFA – Associação Brasileira de Fundição, contando com a organização de sua Comissão de Inovação e Tecnologia. Nas palavras de Afonso Gonzaga, presidente da entidade, “a ABIFA cumprindo seu papel de representante da classe empresarial de fundição, realizou este Fórum, organizado pela Comissão de Inovação e Tecnologia, com objetivos claros de proporcionar a aproximação e levar conhecimentos aos empresários, visando melhorias dos processos tecnológicos e de gestão. Somos uma indústria de transformação presente em praticamente todos os segmentos produtivos, de modo que o seu fortalecimento é de suma importância para o crescimento e desenvolvimento do país”.

Reiterando este discurso, Reinaldo Oliveira, presidente da Comissão de Tecnologia e Inovação da ABIFA, ressaltou o documento Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2016 – 2022, segundo o qual há consenso na academia, no governo e na sociedade de que o crescimento com equidade depende do fortalecimento, expansão, consolidação e integração do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A experiência histórica e de outros países demonstra que a geração de riqueza, emprego, renda e oportunidades, com a diversificação produtiva e o aumento do valor agregado na produção de bens e serviços, dependem diretamente do fortalecimento das capacidades de pesquisa e de inovação do país.

Em suas palavras, “O Brasil conseguiu construir nas últimas duas décadas, segundo descreve o documento, um novo marco legal da ciência, tecnologia e inovação, um sistema robusto de pesquisa e pós-graduação, que possibilitou avanços importantes na formação de recursos humanos e na ampliação da produção científica nacional. No entanto, o avanço da ciência brasileira não se refletiu na melhoria dos indicadores tecnológicos e de inovação nas empresas”.

Diante deste cenário, a Comissão de Inovação e Tecnologia da ABIFA, criada em setembro de 2016, organizou este evento, com três focos: a Indústria 4.0 ou manufatura avançada; fomento à inovação e a voz do cliente de fundição.

Estes temas foram tratados em três blocos, cada um deles finalizado com um debate conduzido com base nas perguntas feitas pelo público participante.

A palestra magna coube ao dr. Luís Carlos Guedes, atualmente consultor da Tupy na área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, que iniciou a sua apresentação lembrando que a indústria é o motor da economia, sem a qual o restante não funciona. Então, o que é preciso para colocar a indústria de fundição novamente entre as sete primeiras do mundo?

Entre as ações mencionadas por Guedes, temos a necessidade de flexibilizar as nossas empresas, além de assumir que é preciso sim investir em tecnologia, mas também em mão de obra qualificada, pois o homem é e será sempre o “líder pensante” de toda essa engrenagem.

Bloco 1: A inovação e a tecnologia como estratégia para a conquista e a manutenção da competitividade das fundições brasileiras

Coube ao prof. Osvaldo Lahoz Maia falar sobre A Quarta Revolução Industrial, a empresa digital e o futuro do emprego, lembrando-nos que em 2016 o Brasil ocupava a 81ª posição do Índice de Competitividade, segundo levantamento do World Economic Forum. Na contrapartida, ele citou casos bem-sucedidos, a exemplo do suíço, e como o mundo do trabalho irá mudar, inevitavelmente.

Cleber Lessa, coordenador do curso de Engenharia Metalúrgica do IFRGS – Instituto Federal do Rio Grande do Sul, levou o público presente à reflexão ao afirmar: “Não adianta comprar o kit 4.0, se não fazemos sequer a metalurgia básica, ou seja, se não se domina o conhecimento”. E foi além, criando a tríade: MoT (Metalurgy of Things), PoT (People of Things) e ToT (Time of Things). Com isso, Lessa chama a atenção da importância de se conversar, de ouvir as pessoas e os operadores, de trocar experiências, ou seja, conhecimentos. Afinal, “quem pensa são as pessoas”. São elas, em especial as que trabalham no chão de fábrica, que estão no dia a dia do processo, que são as mais capacitadas para sugerir as melhores ideias de otimização. A inovação passa necessariamente por elas e também pelo domínio do conhecimento metalúrgico.

Marcelo Rezende, diretor na Secretaria de Desenvolvimento Científico, Econômico, Tecnológico e de Inovação da Prefeitura de Guarulhos (SP), falou sobre a importância de o governo municipal manter centros de tecnologia, incubadoras de empresas e incentivos à indústria, aproveitando para citar os 49 projetos cadastrados no CITIG – Centro de Inovação Tecnológica da cidade de Guarulhos.

Otimização Digital em Fundição foi o tema abordado por Antonio Rentes, professor sênior da EESC-USP, que inicialmente diferenciou os termos transformação digital e otimização digital. Para exemplificar este último caso, ele apresentou o Case de uma fundição de médio porte, que atua no mercado de reposição. Com a adoção de ferramentas de lean manufacturing, ou seja, fluxos contínuos e produção puxada (Kanban e Kanban eletrônico), esta empresa reduziu o seu lead time médio de manufatura de 35 para 18 dias, entre outras benfeitorias.

Mas por onde começar a inovar? Na palestra Índice de maturidade para Indústria 4.0, Marcelo Garcia, da CR Consultoria, deu algumas dicas. Mas antes, ele lembrou a falta de compreensão a respeito da Indústria 4.0, que não se limita à digitalização ou à automação completa das operações. Em suas palavras, “as empresas também devem transformar a sua organização e cultura”.

Outros aspectos levantados foram os problemas comuns identificados na implantação da Indústria 4.0, como:

• Falta de orientação estratégica e problema de percepção sobre a alta complexidade do conceito da Indústria 4.0

• A incerteza dos resultados a serem obtidos

• A falha da avaliação da capacidade atual da empresa para a Indústria 4.0

Nesse sentido, como ponto de partida Garcia sugere a ferramenta modelos de avaliação de maturidade, com base em três níveis. Em função do nível em que a fundição se encontra, é definido um ponto de partida e os posteriores planos de negócios.

Bloco 2: Fomento à inovação, captação de recursos e gestão de PD&I para as indústrias de fundição do Brasil

Uma vez detectada a necessidade de se investir em inovação, feito o diagnóstico do nível de maturidade da fundição e determinado um plano de negócios a se seguir, a fase seguinte é a de captação de recursos, ou seja, como pagar por isso?

Representando a ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Bruno Jorge reiterou o papel da entidade no sentido de promover o diálogo público privado e a necessidade de produzir inteligência sobre a indústria. “Se em cinco anos as indústrias brasileiras adotassem as tecnologias da Indústria 4.0, os ganhos seriam de R$ 73 bilhões anuais”. Para autoavaliar o grau de inovação das empresas, Jorge propõe o “teste” presente no site www.industria40.gov.br. No final do checklist, é dada uma nota, que reflete o muito que há para se fazer. Jorge ainda citou o Programa Nacional Conexão Startup Indústria, que consiste em uma ferramenta de inovação para o setor público e um processo de inovação validado para o setor privado.

Com o objetivo de exemplificar um caso de captação de recursos para um projeto de inovação, Rogério Jardim Parducci apresentou o Case da Henfel, cujo plano de investimentos totalizava R$ 3,6 milhões, com prazo estimado de 28 meses. O objetivo era a construção de um laboratório com banco de testes para o desenvolvimento de produtos. Em sua apresentação, Parducci detalhou todas as fases do projeto em questão, para então justificar a linha de financiamento buscada. Afinal, essa decisão depende tanto do porte da empresa quanto do porte do investimento. Entre as organizações/agências de fomento citadas pelo palestrante, destacam-se a FAPESP, SEBRAE, INOVA – SP, SENAI Inovação, FINEP, CNPQ, BNDES e Lei do Bem.

Guido Ganassali, diretor do projeto Indústria 4.0 na Cecil, fundição de metais não ferrosos localizada em Itapevi (SP), palestrou sobre a Inovação na Indústria 4.0. Citando um Case da própria Cecil, Ganassali destacou a parceria da empresa com o SENAI (consultoria) e a FINEP (fomento). Os modelos de gestão de PDT&I top down e bottom up foram detalhados, assim como o roadmap de um projeto de inovação (descrição do projeto, aprovação, financiamento e gestão).

A descrição das linhas de ação da FINEP, cujo objetivo é atuar em toda a cadeia da inovação, com foco em ações estratégicas, estruturantes e de impacto para o desenvolvimento sustentável do Brasil, coube a Marco Antonio dos Santos Barcelos, gerente do departamento de Engenharia, Metalmecânica e Equipamentos da instituição. Para tanto, Barcelos se ateve aos mecanismos de apoio da FINEP, o que pode ser de fato financiado por intermédio dela e as condições de financiamento oferecidas.

Bloco 3: A visão do cliente de fundição quanto à importância da inovação e recursos de tecnologia no fornecimento de produtos

Neste bloco, a palavra foi passada ao cliente, que teve a oportunidade de falar sobre o seu “lado” do negócio, diretamente aos seus fornecedores.

Vicente Abate, presidente da ABIFER – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, iniciou este bloco mencionando os R$ 2 bilhões investidos nos últimos dez anos na ampliação e modernização das instalações fabris, novas fábricas, aplicação de novas tecnologias e treinamento de mão de obra. Hoje a capacidade instalada anual da indústria ferroviária é de 12 mil vagões de carga, 1.200 carros de passageiros e 250 locomotivas. Entre as inovações citadas, destacam-se as locomotivas diesel elétricas (General Electric e Progress Rail), modernização do metrô de SP (Bombardier), os veículos leves sobre trilhos com tração elétrica (Alstom e TTrans) e tração diesel hidráulica (Bom Sinal), o monotrilho (Bombardier) e o aeromóvel com tração a ar (TTrans). Abate finalizou a sua apresentação reiterando que “A indústria ferroviária brasileira está no caminho da Indústria 4.0”.

O tema Tecnologia aplicada na fabricação de fundidos para o mercado eólico coube a Marcus Vale, o qual lembrou do potencial eólico do Brasil, que hoje possui 534 parques eólicos e mais de 6.600 aerogeradores em operação. Ainda assim, em 2017 ocupamos a 8ª posição no ranking mundial de capacidade instalada (em 2012, estávamos em 15º lugar). O potencial de uso de fundidos nos aerogeradores também foi explorado por Vale, tanto naqueles com multiplicadora quanto nos que utilizam rotor. Os principais são a base da nacele (12 a 23 t) e o hub (8 t), mas ainda há vários outros: mancais, motor de giro, freio, eixo. O principal metal utilizado para a fundição destes componentes é o ferro fundido ferrítico/alto silício.

A situação do mercado de duas rodas foi explorada por Marcos Marchini, enquanto a posição da Volvo com relação à visão do seu cliente foi trazida por Henrique Carreão, responsável pelas compras e gestão de fornecedores da empresa. A sua apresentação foi feita com base na tríade QDC, ou seja, Qualidade – Delivery – Custo. Para exemplificar uma parceria de sucesso, Carreão descreveu o caso de uma alteração da composição de um ferro fundido com elevado teor de silício, que foi aumentado de 1.5~2.8% para 3,2~3,8%. Essa medida, fruto de uma parceria com o seu fornecedor, resultou em uma peça com alongamento mínimo sete vezes maior (14%) e redução de 21,6% dos custos de usinagem.

O tema Fundição como Negócio de Engenharia foi explorado por Camilo Carletti, especialista metalúrgico da Caterpillar. Entre os highlights de sua apresentação, o que mais chamou a atenção foi: “Fundição não é um negócio build to print, é um processo extremamente complexo e de engenharia”. Isso porque requer o atendimento a sua série de requisitos (controle dimensional, boa sanidade, microestrutura adequada, processo estável etc.), além de qualidade, preço e prazo.

A abordagem Expectativas em relação aos fornecedores de ferro e aço fundidos foi dada por Eduardo Silotto, da Acionac, especializada na fabricação de acoplamentos, contra-recuos e freios pneumáticos industriais. Segundo apresentado, os problemas “atuais de muito tempo” encontrados pela empresa são: dificuldade de obtenção de produtos com o mínimo de qualidade exigido e com preço competitivo; variação de preços no mercado e conhecimento (aparentemente) empírico. Portanto, entre as expectativas em relação aos seus fornecedores destacam-se: profissionalização; modernização de processos e de visão.

Para finalizar, Ricardo Chuahy, da RISC – Práticas em Negócios, levou o público a outra reflexão: Existe cliente 4.0? Em suas palavras, sim. E este cliente, denominado neoconsumidor, quer resultados acima de tudo, costuma resolver quase todas as suas pendências pelo celular, não aceita ser tratado como qualquer outro, quer ser ouvido, acha que a criatividade é uma exigência, cobra uma presença omnichannel da empresa e, após a compra, busca atendimento superior e imediato.

Outra questão colocada foi a de que a experiência impacta na lucratividade, uma vez que os clientes compartilham experiências entre si, sejam elas boas ou ruins.

Então, como atender ao cliente 4.0? Chuahy dá algumas dicas:

• Descobrir os valores dos clientes e proporcionar experiências relevantes, que despertem a empatia

• Usar novas tecnologias para descobrir o que eles querem

• Qualificar a sua mão de obra para o pensamento 4.0

• Melhoria de eficiência e aceleração dos processos

• A velocidade de resposta a problemas técnicos deve aumentar

• Ser ágil, não desperdiçar tempo

• Mudar a abordagem do início ao fim

• Ser flexível para atender às necessidades de mudança

• Parceria, agilidade e recomendações de inovação no desenvolvimento de novos produtos

• A integração entre a fundição e o cliente deve ocorrer de forma mais eficiente criando valor agregado

E, para finalizar:

• Os fornecedores das fundições terão que passar pela mesma adaptação, visando a tornar a toda a cadeia mais eficiente.

Serviço

1º Fórum Nacional de Tecnologia e Inovação para a Indústria de Fundição

Data: 30 de agosto de 2018

Local: Escola SENAI Nadir Dias de Figueiredo – Osasco, SP

Organização: Comissão de Inovação e Tecnologia da ABIFA – Associação Brasileira de Fundição

Patrocinadores: Alum, Eco Sand, Elkem, Euromac, Fundimazza, Ibar, Foseco, Inductotherm, Kaitronn, Küttner, Mineração Curimbaba, MSP, R. Vaz, Sinto, Sulmaq

Apoio institucional: ABAL, ABIFER, SIFUMG, SENAI-SP