O Instituto Butantan (ou Butantã[1]) é um destacado centro de pesquisa biológica localizado no bairro do Butantã, na zona oeste da cidade de São Paulo, adjacente ao campus Cidade Universitária da Universidade de São Paulo. O Instituto é uma instituição pública ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, do Governo do Estado de São Paulo desde sua fundação. Por seu trabalho notável em saúde pública, o instituto é considerado um dos principais centros científicos do mundo. O complexo do Butantan conta com um hospital (Hospital Vital Brazil), uma biblioteca, um macacário, um serpentário e unidades de produção de biofármacos, além de parques e museus.[3] Vale notar que, apesar de possuir estreitas relações científicas e compartilharem do mesmo espaço físico, o Instituto Butantã não é unidade integrante da Universidade de São Paulo, possuindo autonomia administrativa e financeira.[
O Instituto foi fundado em 23 de fevereiro de 1901, sob o nome de Instituto Serumtherapico, e é hoje responsável por grande parte da produção de vacinas utilizadas no PNI (Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde. O Instituto também produz uma grande variedade de soros imunoterápicos, utilizados para combater acidentes causados por serpentes, aranhas e escorpiões.
Além das atividades diretamente relacionadas a saúde pública, o Instituto Butantan é também um importante ponto turístico, contando com um parque e quatro museus (o Museu Biológico do Instituto Butantan, o Museu Histórico, o Museu de Microbiologia e o Museu de Saúde Pública Emílio Ribas). O parque no qual o instituto está localizado possui uma área total de 750 mil m², 70 % da qual composta de fragmentos de vegetação. A entrada na área do instituto, incluindo o acesso aos parques e ao serpentário, é gratuita, mas o acesso aos museus se dá mediante aquisição de ingressos a preços populares.
Atualmente, o Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica Sinovac Life Science, do grupo Sinovac Biotech, realiza a produção da CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus (COVID-19) que foi aprovada pela ANVISA para uso emergencial.
História
O Instituto Butantan surgiu em 1898[11] (final do século XIX) projetado para combater um surto de peste bubônica que se propagava no porto de Santos em 1899, levou o governo a adquirir a Fazenda Butantan para instalar um laboratório de produção de soro antipestoso, vinculado ao Instituto Bacteriológico (atual Instituto Adolfo Lutz). Esse laboratório foi reconhecido como instituição autônoma em fevereiro de 1901, sob a denominação de Instituto Serumtherápico, tendo como primeiro diretor, o médico sanitarista Vital Brazil. O nome Butantan, segundo etimologistas, é originário do tupi e quer dizer "terra dura dura", formando o superlativo a partir da duplicação do adjetivo. A comunidade dos funcionários mantém a tradição do nome, grafando-o com o "n" final, mesmo destoando do bairro, originado no entorno do instituto, que, seguindo decreto do governo municipal de São Paulo, é grafado com til (Butantã). Por outro lado, o nome do seu fundador é grafado com "z", como era escrito o nome do país na época (Vital Brazil).
Theodore Roosevelt em um automóvel no Instituto Butantan em 1914.
A história do Instituto Butantan confunde-se com a história da modernização do Estado de São Paulo. Seu surgimento deveu-se a uma epidemia de peste bubônica no Porto de Santos.[11] Temendo que a doença atingisse a capital do Estado, o governo convocou o Instituto Bacteriológico para tentar resolver o problema.
A fazenda Butantan foi desapropriada pelo Presidente de São Paulo Coronel Fernando Prestes de Albuquerque que iniciou as obras do Instituto. Seu diretor, Adolfo Lutz, mandou para essa cidade o assistente Vital Brazil. Em pouco tempo ele diagnosticou a doença e, em conjunto com o médico Oswaldo Cruz, criou um plano para controlá-la. De volta à capital, Vital Brazil foi encarregado de um serviço contra a peste no Instituto Bacteriológico. No ano seguinte esse serviço transformou-se em instituição autônoma, então denominada "Instituto Serumtherapico do Estado de São Paulo", que, posteriormente, transformou-se no atual Instituto Butantan, que ajudou a debelar a peste. Ao longo dos anos, Vital Brazil investiu na ampliação das atividades do instituto, passando a desenvolver paralelamente pesquisas referentes a soros e vacinas, não demorou muito para que seu método inovador chamasse atenção da comunidade internacional, e já na primeira década do século XX a instituição tinha sua importância reconhecida fora do Brasil.
Em 1914, veio o grande passo rumo ao progresso do instituto, foi inaugurado o Prédio Central, futuramente batizado de "Edifício Vital Brazil". Nesse edifício foi possível alocar setores de pesquisa e produção, possibilitando o instituto uma expansão de contribuições para a saúde pública e também um aprimoramento maior em suas atividades.[12]
Serpentário do Instituto Butantan em 1914.
Entretanto, devido principalmente à expansão da cafeicultura, os trabalhadores rurais (na maior parte imigrantes) viam-se frequentemente submetidos a acidentes ofídicos. As serpentes venenosas transformavam-se em um grande problema que, juntamente com a peste bubônica, atentava contra o desenvolvimento paulista.
Vital Brazil, a par de toda essa problemática, concomitantemente aos estudos sobre a peste, iniciou as suas pesquisas sobre o ofidismo, tema então pouquíssimo conhecido. O extenso trabalho que desenvolveu pesquisando esse assunto fez com que o Butantan rapidamente se especializasse no conhecimento herpetológico, bem como na produção de soros antiofídicos, tornando-se uma entidade ímpar em todo o mundo. Vital Brasil, inclusive, tem a primazia na demonstração da especificidade dos soros antiofídicos. Um soro específico para uma serpente venenosa europeia, por exemplo uma víbora (Vipera), é ineficiente para uma jararaca (Bothrops) sul-americana. Em viagens que fez, principalmente para os Estados Unidos, demonstrando a eficácia do soro antiofídico, a fama de Vital Brazil correu mundo. Durante vários anos, entretanto, o Instituto Butantan funcionou em toscas dependências, contando com um corpo de funcionários bastante exíguo. Mesmo assim, de seus laboratórios brotaram importantes pesquisas no campo da herpetologia, microbiologia e imunologia, reconhecidas internacionalmente. A partir de 1914, com a construção da nova sede e a paulatina ampliação de seu orçamento, o Butantan começou a se consolidar como a mais importante instituição de pesquisa biomédica do Estado de São Paulo, e uma das maiores do Brasil.
A partir do final de 2009, o instituto passou a auxiliar no combate à gripe H1N1, sendo o órgão público responsável pela produção da vacina a partir de amostras fornecidas pelo laboratório francês Sanofi Pasteur.[13]
Irregularidades
Em setembro de 2009, o Instituto Butantan foi alvo de investigação pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, após denúncias do Conselho de Controle de Atividades Financeiras indicarem que funcionários do instituto teriam desviado, desde 2007, ao menos 30 milhões de reais de verbas repassadas pelo Ministério da Saúde para a produção de soros e vacinas. Segundo a promotoria, havia indícios de que os responsáveis pela fundação teriam se beneficiado do esquema.[14]
Mais tarde, constatou-se que o dinheiro teria sido desviado ao longo de cinco anos por funcionários do segundo escalão da fundação. O resultado da investigação foi a demissão de sete pessoas.[15] O presidente da Fundação Butantan, Isaías Raw, se afastou do cargo e foi substituído interinamente por Erney Plessman de Camargo.[16] Segundo apuração da promotoria, Raw desconhecia o desvio nem se beneficiou dele.[15]
Incêndio
Em 15 de maio de 2010, um incêndio atingiu o Prédio das Coleções[17] às 7h30, tendo sido controlado por volta das 19h30.[18] Havia indícios de que o incêndio teria destruído mais de 70 mil espécimes de serpentes, além de mais de 450 mil espécimes de artrópodes, entre escorpiões, opiliões, miriápodes e aranhas que estavam conservadas em solução de álcool 70% ou a seco. A coleção, referência para descrição de espécies e utilizada para pesquisas científicas, era a maior do Brasil[19] e a maior coleção do mundo desses animais para uma região tropical.[11] O material coletado em mais de 100 anos foi perdido,[20][21] mas, após a perícia e análise dos cientistas, acredita-se que 5% do acervo poderá ser recuperada.[22][23]
Quando ocorreu o incêndio, outras fontes apontaram cerca 85 mil espécimes de serpentes destruídas e o equivalente a 500 mil espécimes, sendo 450 mil de aracnídeos, das quais vários milhares ainda não tinham sido descritas pelos cientistas.[11] Em relação à Coleção de serpentes, que contava com 77 mil espécimes de cobras, considerada a maior coleção do mundo,[21] 7 mil ainda aguardavam catalogação.[24] A parte do prédio que foi mais destruída pelo incêndio não contava com animais vivos.[25]
O especialista em répteis e anfíbios (herpetólogo) do Departamento de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), Miguel Trefaut Rodrigues, relatou que o incêndio foi um desastre de proporções incalculáveis e cujos danos indicam a perda de um patrimônio insubstituível da história biológica brasileira.[11] Alguns exemplares representavam a primeira identificação feita na natureza[21] e viabilizavam o estudo de filogenia.[26]
O prédio mais atingido pelas chamas, construído no final da década de 1970 e reformado há 10 anos, não tinha um sistema de proteção contra incêndios. Um projeto de 700 mil reais havia sido enviado à FAPESP pelo curador Francisco Luis Franco para a instalação de um sistema anti-incêndio.[21] A FAPESP, entretanto, aponta que já teria destinado quase R$ 1 milhão, entre 2007 e 2008, para o Butantan reforçar sua infra-estrutura, mas que nenhuma parte desses recursos teria sido utilizada para prevenção de incêndios. O diretor-geral do Instituto Butantan na época, Otávio Mercadante, disse, ao jornal Folha de S. Paulo, que não faltou dinheiro e que o prédio atingido era seguro, pois recebia manutenção periódica.
Parceria contra o Zika Vírus
Em 2016, o instituto fechou uma parceria com o Governo dos Estados Unidos e com a OMS para começar o desenvolvimento da vacina contra o Vírus da Zika, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A previsão é que no primeiro semestre de 2017 seja possível a realização de testes em seres humanos.
Os valores deste convênio giram em torno de US$ 3 milhões (cerca de R$ 44,1 milhões), bancado pela Autoridade de Desenvolvimento e Pesquisa Biomédica Avançada (Barda, na sigla em inglês), órgão do Ministério da Saúde americano para as pesquisas de uma vacina da Zika com o vírus inativado. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, os recursos serão investidos em equipamentos e insumos para o desenvolvimento da vacina contra a doença e a cooperação técnica entre os especialistas em vacinas da Barda e os pesquisadores do instituto.
Ações no combate à COVID-19
Durante a Pandemia de COVID-19 que atinge o Brasil no início de 2020, o instituto criou um portal específico que fornece uma série de informações à comunidade, tanto em forma de texto, quanto em forma de vídeo. Para reduzir o impacto da gripe no sistema de saúde (e assim liberar espaço para ações contra a COVID-19), o instituto antecipou e aumentou a produção da vacina da gripe. O número de doses produzidas foi ampliado para 75 milhões, e a campanha de vacinação desse ano foi adiantada em 23 dias, tendo começado dia 23 de março de 2020.
Em meados de 2020, o Instituto Butantan fechou uma parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech para começar a produção da vacina CoronaVac.
Em 14 de abril de 2020, o Instituto Butantã recebeu um carregamento de 726 mil testes de RT-PCR para detecção de infecção por SARS-CoV-2, comprado da Coréia do Sul e destinado a distribuição para rede pública.[ Além do papel na gestão de saúde, os laboratórios do instituto também adquiriram a certificação necessárias para realizar os testes de detecção, e participam do sistema estadual de análises.]
Vacina contra o novo coronavírus (COVID-19)
A parceria inédita entre Instituto Butantan e farmacêutica Sinovac Life Science, do grupo Sinovac Biotech, prevê produção e testes da CoronaVac, que já está na fase final de ensaios clínicos e é uma das mais promissoras em todo o mundo. No janeiro de 2021, a Anvisa aprovou a vacina e ela começou a ser usada. Atualmente (no dia 17/02/2021), em São Paulo, 1.686.063 pessoas foram vacinadas.
A vacina do estudo foi desenvolvida pela Sinovac Life Science Co., Ltd. É uma preparação feita com o novo coronavírus (SARS-CO{{V-2) (cepa CZ02) cultivada em células Vero (um tipo de célula de rim de macaco). Para produzir a vacina, o vírus é inativado, ou seja, que se colocam substâncias químicas para que o vírus não seja capaz de infectar, ficando “morto”, sem poder causar doença. Depois é acrescentado a ele o hidróxido de alumínio, que é uma substância já bem conhecida como adjuvante para que a vacina gere anticorpos nas pessoas vacinadas. O esquema de vacinação do estudo é de duas doses de vacina com um intervalo de 14 dias (duas semanas) entre elas. A vacina é aplicada por via intramuscular.
O Governador do Estado de São Paulo, João Doria, anunciou no dia 6 de julho que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, a iniciar a fase III dos ensaios clínicos para testar a eficácia e a segurança da vacina contra o coronavírus. Os voluntários serão profissionais de saúde que trabalham no atendimento a pacientes com COVID-19.
“Esta é uma etapa de fundamental importância na vida do país e na vida e na saúde de milhões de brasileiros. Toda a pesquisa clínica será coordenada pelo Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisa do mundo, que tem mais de 100 anos de atividades e é o maior produtor de vacinas da América Latina e um dos maiores do mundo”, disse Doria.
O Instituto Butantan está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. A capacidade de produção é de até 100 milhões de doses. Se a vacina for efetiva, o Instituto Butantan vai receber da Sinovac, até o fim do ano, 60 milhões de doses para distribuição.
As análises da Anvisa incluíram informações clínicas e de fabricação geradas pela Sinovac, além do plano de desenvolvimento clínico e protocolo de teste desenvolvido pelo Butantan. A agência garantiu celeridade ao pedido devido à emergência de saúde pública. A revisão foi conduzida com os mais altos padrões, já que a Anvisa é membro titular do Conselho Internacional de Harmonização de Requisitos Técnicos para Produtos Farmacêuticos para Uso Humano (ICH) e qualificada como agência reguladora funcional da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os testes serão realizados em nove mil voluntários que trabalham em instalações especializadas para COVID-19, em 12 centros de pesquisas de seis Estados brasileiros: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. A convocação dos participantes voluntários está programada para começar neste mês, após a aprovação ética ser obtida em cada local clínico.
“A aprovação do ensaio clínico de fase III é uma demonstração de que a parceria Butantan e Sinovac é uma colaboração eficiente para avançar, oferecendo esperança para salvar vidas em todo o mundo”, comentou o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas.
Se a vacina for aprovada, Sinovac e Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala industrial e fornecimento gratuito à população brasileira por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).
Controvérsias sobre a eficácia
O constante atraso na divulgação dos relatórios da fase 3 dos testes, bem como a falta de documentos na Anvisa, onde o Instituto Butantan entrou, na sexta-feira passada, com um pedido de uso emergencial da CoronaVac, ganhou no dia 10 de janeiro uma explicação: havia “problemas” com a taxa de eficácia da vacina – ou melhor, com a divulgação deste número. O imbróglio que envolve a vacina, produzida pela empresa chinesa Sinovac, foi desvendado pelo programa Fantástico, que reportou que a eficácia divulgada na semana passada, de 78 a 100%, não é a taxa de eficácia exata. Segundo a reportagem, especialistas acreditam que a o número ficará em torno de 63%. O diretor do Butantan, Dimas Covas, entrevistado pelo Fantástico, disse: "eu divulguei as taxas de eficácia clínica, que é o que interessa para esta vacina". (...) "A população não sabe o que é eficácia (...). Ela quer saber qual o efeito que a vacina tem". Instado a confirmar o número de 63%, ele respondeu: "não é o momento de divulgar todos os detalhes do estudo". ]
A postura do Butantan, no entanto, destoa da de outros laboratórios, que, sim, divulgaram este número.
Ao Fantástico, a epidemiologista Denise Garret disse que o número sim, é importante, para que ser possa prever a "meta da campanha de vacinação". Ela também disse que o possível número, de cerca de 63%, não é ruim – a OMS sugere que a vacina covid-19 tenha ao menos 50% de eficácia, o que significa dizer que, de 100 pessoas vacinadas, 50% desenvolverão anticorpos e não pegarão covid nem transmitirão o vírus Sars-Cov-2 para outras pessoas.
Diversas outras vacinas já liberadas para uso emergencial ou em fase de serem liberadas, como as da Pfizer-BioNTech, da Moderna e a de Oxford-AstraZeneca (ChAdOx1), que no Brasil será produzida pela Fiocruz, apresentaram taxa de eficácia mínima de 90%, o que pode ser, na comparação, um “problema” para a CoronaVac.
No jornal Bom dia Brasil do dia 11 de janeiro, foi reportado que na Indonésia a taxa de eficácia oficial divulgada é de 65%.[
Segundo o Radar Aos Fatos, a divulgação confusa dos dados da CoronaVAC alimentou a desconfiança da vacina no Twitter.[
Produção
A produção de imunobiológicos voltados para a saúde pública pelo Instituto Butantan iniciou-se em 1901. Desde então, atua próximo ao Ministério da Saúde para a sua distribuição pelo território brasileiro, integrando o Plano Nacional de Imunização (PNI).
Soros
O Instituto Butantan é especializado na produção de 13 tipos de soro heterólogo que tratam de intoxicações causadas por venenos de animais, toxinas ou infecções por vírus. Com capacidade de produção de até um milhão de ampolas de soro por ano,[carece de fontes] o Instituto Butantan as distribui para toda a extensão do país, auxiliando no tratamento de envenenamentos por animais peçonhentos ao longo dos últimos cem anos.
Seu sistema de produção do soro tornou-se referência internacional. Nele, são utilizados cerca de 800 cavalos imunizados com antígenos específicos preparados em um laboratório de ponta com venenos de serpentes, aranhas, escorpiões e lagartas.[
São eles:
Soro antiaracnídico (contra envenenamento por animais dos gêneros Loxosceles, Phoneutria e Tityus).Soro antiescorpiônico (contra envenenamento por escorpiões do gênero Tityus, como o escorpião amarelo).Soro antibotrópico (pentavalente, contra envenenamento por serpentes do gênero Bothrops, que inclui as jararacas).Soro anticrotálico (contra envenenamento por serpentes do gênero Crotalus, como a cascavel).Soro antibotrópico (pentavalente) combinado com anticrotálico.Soro antibotrópico (pentavalente) combinado com antilaquético (contra envenenamento por serpentes do gênero Lachesis, conhecidas como surucucu).Soro antibotulínico AB (bivalente) (contra envenenamento por toxina botulínica em casos de botulismo).Soro antidiftérico (contra envenenamento por toxina diftérica).Soro antielapídico (bivalente) (contra envenenamento por serpentes do gênero Micrurus, um dos gêneros de cobra-coral).Soro antilonômico (envenenamento por taturanas do gênero Lonomia).Soro antirrábico (usado como profilaxia para a raiva após mordida de animal).Soro antitetânico (contra envenenamento por toxina tetânica).Vacinas
O Instituto Butantan também é reconhecido por sua produção de vacinas. Diferente do soro, a vacina atua na prevenção de doenças, estimulando a produção de anticorpos, e não como imunização passiva. As vacinas mais recentes no calendário nacional de vacinação - Hepatite A, HPV e dTpa - são frutos de acordos de transferência de tecnologia de parceiros privados com o Instituto Butantan e Ministério da Saúde.
O Instituto Butantan produz:
Vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (DTP)Vacina adsorvida diftéria e tétano adulto (dT)Vacina adsorvida diftéria e tétano infantil (DT)Vacina adsorvida hepatite B (recombinante)Vacina influenza sazonal trivalente (fragmentada e inativada)Vacina raiva inativada (VR/VERO)Vacina inativada CoronaVac (COVID-19)
Fábrica inoperante
Após investimento de R$ 240 milhões, a fábrica de derivados de sangue, implantada em 2008, nunca produziu vacinas e medicamentos, constatados por institutos fiscalizadores do Estado de São Paulo em 2017.
Hospital Vital Brazil
O Hospital Vital Brazil que esta estabelecido dentro do Instituto Butantan existe desde 1945, possuindo especializações em pesquisas e tratamentos relacionados a pacientes que sofreram picadas ou acidentes com algum tipo de animal peçonhento, como aranhas e escorpiões. Atendendo mais de cem mil pessoas, ele funciona 24 horas por dia durante os 7 dias da semana, o hospital tem o objetivo de minimizar os acidentes humanos com os animais e mitigar os riscos de vida oferecendo tratamentos para os mais diversos tipos de traumas contraídos.
O hospital proporciona uma equipe formada de médicos, enfermeiros e estágios voluntários. Junto com a parte que esta vinculada com a saúde, o Instituto Butantan possui a Farmacovigilância, que proporciona medicamentos como soros e vacinas.
Cultura
O Centro de Desenvolvimento Cultural é um setor do Instituto Butantan que cuida dos assuntos relacionados as atividades culturais do Instituto. Essa área projeta sua divulgação a partir de pesquisas realizadas em Educação, Museologia, e História da Ciência e da Saúde. É por meio do Centro de Cultura do Butantan que os projetos estruturados e todo material científico gerado pela Instituição é levado ao conhecimento da população. Ficam disponíveis para consulta e pesquisa no Núcleo de Documentação, na Biblioteca, nas atividades de educação e divulgação e também nos museus.]
Em paralelo aos Museus, o centro de Desenvolvimento Cultural do Instituto Butantan organiza três exposições:
Exposição Butantan Itinerante (cujo acervo é apresentado em instituições, escolas e eventos);Exposição Parada Butantan (apresentada na Estação Ciência da USP);Exposição permanente no projeto Sabina Escola Parque do Conhecimento (Santo André/SP).Biblioteca
A Biblioteca do Instituto Butantan é especializada nas áreas de toxinas, imunologia, biodiversidade e biotecnologia. Foi fundada em 1910, quando se iniciou a formação de seu acervo. Em 1914, durante a administração de Otto Bier, foi instalada em uma sala no primeiro pavimento do prédio central do instituto, hoje denominado Edifício Vital Brazil. Reinaugurada em 2015, a biblioteca do Instituto oferece, além de seu acervo, salas de estudo em grupo e individual equipadas com computadores, projetores e rede wi-fi.
Tem como missão oferecer apoio informacional às atividades de ensino e pesquisa. Também se ocupa de preservar e difundir a produção científica do Instituto Butantan alimentando os banco de teses e dissertações, de artigos, da Biblioteca Virtual da Saúde - BVS - e oferece serviços personalizado aos pesquisadores e alunos para suporte no desenvolvimento de projetos de pesquisa, geração de novos conhecimentos e inovação.
Arquitetura
Prédio principal do instituto.
O instituto está localizado ao lado da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira da Universidade de São Paulo, em um jardim privilegiado com vários prédios de época e estilos diferentes, em que um deles foi inaugurado em 2013, após o incêndio de 2010. Além disso existem três museus que ficam abertos ao público o Museu Biológico, que é o mais antigo; o Museu histórico, instalado na antiga cachoeira onde o importante médico e pesquisador Vital Brazil, realizou a produção das primeiras ampolas de soro para combater a peste bubônica e o Museu de Microbiologia.[
O Museu de Microbiologia foi desenhado pelo arquiteto Márcio Kogan, que acabou sendo limitado pela antiga construção, o que não prejudicou a obra, sendo premiada mais de uma vez pelo IAB-SP (Instituto Dos Arquitetos o Brasil) e pela Asbea. Ela possui três espaços principais: o auditório, local onde são projetados vídeos sobre microbiologia, o de exposições permanentes como modelos tridimensionais de protozoários, vírus e bactérias e o laboratório, coração do museu.[
O Instituto Butantan apresenta quatro museus focados em diferentes áreas da ciência:
Museu Biológico
O Museu Biológico do Instituto Butantan, que funciona desde 1966, foi o primeiro museu a receber visitantes. Construído na antiga cocheira de imunização do edifício construído na década de 1920. O local abriga cerca de 100 espécies de animais vivos pertencentes a fauna brasileira, dos mais comuns aos mais exóticos, o objetivo é mostrar esses animais normalmente considerados assustadores ou nojentos em seu ambiente natural ressaltando a importância dos diferentes organismos na manutenção do ecossistema brasileiro.
Museu de Microbiologia
Criado pelo professor Isaías Raw e construído com auxilio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Fundação Vitae, o prédio foi inaugurado em 2002. Tendo como missão principal estimular a curiosidade das pessoas a conhecerem mais sobre a ciência dos micro-organismo, por meio de suas exposições e ações educativas. Também tendo como objetivo construir um importante espaço de divulgação das atividades do Instituto Butantan. O espaço ainda possui uma exposição permanente onde os visitante podem aprender mais sobre o universo invisível dos micro-organismos, de forma interativa com o público e uma exposição participativa para crianças de 4 a 6 anos de idade na intenção de aproximá-las do mundo dos micro-organismos que são somente visíveis por microscópio.
Museu Histórico
Criado em 1981, foi instalado na cocheira adaptada para abrigar o laboratório onde o Médico Vital Brazil havia criado as primeiras ampolas de soros antipestosos. O Museu Histórico tem como missão a pesquisa, a preservação e a divulgação das ciências e da Saúde Pública, em especial a do Instituto Butantan. As atividades educativas relacionadas a exposição de longa duração, são realizadas todos os dias abertos durante os horários de funcionamento ou agendamento.
Museu de Saúde Pública Emílio Ribas
Localizado no tradicional Bairro do Bom Retiro, localizado na Rua Tenente Pena, nº 10 e depositário de um dos mais importantes acervos documentais da saúde do Brasil, ,o museu foi transferido para o Instituto Butantan em 2010 e instalado em um prédio que foi construído em 1893, sendo reconhecido como patrimônio cultural de São Paulo e tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat) desde 1984. Especializado na história da saúde pública, possui um dos maiores acervos documentais no Brasil disponíveis para pesquisa e elaboração de aulas, uma exposição fotográfica permanente e também exposições e atividades educativas.
Ensino e pesquisaPós-graduação no Butantan
Além da produção de imunobiológicos e das atividades de extensão e divulgação científica, o Instituto Butantã possui intensa produção de pesquisa, com programas de mestrado, doutorado e pós doutorado. A Escola Superior do Butantã possui programas de pós-graduação em em Toxinologia (mestrado e doutorado) e em Biotecnologia e Bioprocesso (mestrado profissional). O instituto ainda administra um programa de MBA em gestão de inovação em saúde.
O instituto também possui pesquisadores que orientam por programas da Universidade de São Paulo, como o programa de Pós-Graduação em Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e o Programa de Pós-Graduação Interunidades em Bioinformática.
Linhas de pesquisa
O Instituto Butantan é conhecido não só pela produção de vacinas, mas pelas pesquisas ativas de desenvolvimento de novas vacinas. Entre os projetos tocados por pesquisadores do instituto estão vacinas contra pneumonia bacteriana por Streptococcus pneumoniae e contra os 4 sorototipos do vírus da dengue. A vacina contra a dengue desenvolvida pelo instituto está em fase final de ensaios clínicos e uma parceria multimilionária com a Merck Sharp & Dohme foi montada para acelerar a fase final do processo de desenvolvimento, validação e implementação.
O Butantan também é a sede do Centro de Pesquisa em Toxinas, Resposta Imune e Sinalização Celular (CeTICS), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP. O CeTICS possui linhas de pesquisas diversas, como, que variam de linhas sobre evolução de venenos de serpentes[72] ao desenvolvimento de drogas anti-câncer, além de um biotério multiusuários de paulistinhas.]