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10 anos depois o Programa Biota-FAPESP volta a ganhar o Prêmio Ford de Conservação Ambiental

Publicado em 22 dezembro 2009

Por Carlos A. Joly

Em novembro de 1999 o então recém-lançado Programa Biota/Fapesp: O Instituto Virtual da Biodiversidade ganhou o Prêmio Henry Ford de Conservação Ambiental na categoria "Iniciativa do Ano".

O premio reconhecia o esforço de articulação da comunidade científica e da diretoria científica da Fapesp, em criar um programa de pesquisa integrando pesquisadores e instituições do Estado de São Paulo, em torno das premissas estabelecidas pela Convenção sobre a Diversidade Biológica.

O Programa Biota/Fapesp começou a ser planejado no início de 1996, quando a diretoria científica convocou uma reunião, com cerca de 100 lideranças da grande área que a temática caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade abrange. Nesta reunião, realizada dia 8 de abril, no auditório da Fapesp, ficou patente o grande interesse dos pesquisadores pela criação de um Projeto Especial de Pesquisa e a pertinência da Fapesp apoiar um Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, inicialmente denominado Biota-SP.

Nesta reunião também ficou definido que o programa deveria ter como escopo todas as formas de organismos vivos do Estado de São Paulo (daí o nome Biota), fossem terrestres de água doce ou marinhos. O foco dos projetos deveria cobrir toda gama de pesquisas que a temática caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade abrange, desde revisões taxonômicas e inventários à ecologia de paisagens, passando pelo funcionamento de ecossistemas e as dimensões humanas inerentes.

Desde o início o programa optou por utilizar a internet como meio de comunicação: a) criou uma homepage; b) criou uma Lista de Discussão; c) iniciou o diagnóstico do conhecimento biológico acumulado para cada grupo taxonômico, de microrganismos a mamíferos e angiospermas, incluindo os pesquisadores que trabalham, especificamente, com cada grupo e a infraestrutura instalada para conservação ex situ (Museus, Herbários, Coleções de Microrganismos, Arboretos, Jardins Botânicos) e in situ (Unidades de Conservação); d) organizou o workshop Bases para Conservação da Biodiversidade do Estado de São Paulo - http://www.biota.org.br/info/historico/workshop/index - para sintetizar as informações produzidas e definir a estrutura e forma de implantação do Projeto Especial de Pesquisas em Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo.

A penúltima etapa deste processo foi concluída no dia 7 de maio de 1998, quando 16 projetos temáticos articulados foram formalmente protocolados na Fapesp. Com a aprovação dos primeiros projetos no final de 1998, e a publicação dos dois primeiros volumes da série "Biodiversidade do Estado de São Paulo: síntese do conhecimento ao final do século XX", em fevereiro de 1999, o Conselho Superior da Fapesp aprovou a criação do Programa Biota/Fapesp - O Instituto Virtual da Biodiversidade - http://www.biota-fapesp.net/ -, que foi oficialmente lançado no dia 25 de março de 1999, em sessão solene, no Auditório da Fapesp.

Este esforço da comunidade científica do estado, com o apoio da Coordenação de Ciências Biológicas e da Diretoria Científica da Fapesp, justificou a concessão do Prêmio Henry Ford de Conservação Ambiental na categoria "Iniciativa do Ano", no final de 1999.

Dez anos depois, reconhecido internacionalmente como uma experiência bem sucedida - especialmente porque: a) conseguiu gerar subsídios para o aperfeiçoamento da Legislação do Estado de São Paulo na área de conservação e recuperação da biodiversidade nativa, b) formou um exército de mestres (169), doutores (108) e pós-docs (80) capacitados e treinados para trabalhar em caracterização, conservação, recuperação e uso sustentável da biodiversidade; c) gerou mais de 750 artigos em periódicos nacionais e internacionais especializados, além de 16 livros e dois atlas - o Programa Biota/Fapesp passou a ser utilizado como modelo para implantação de programas semelhantes em outros estados brasileiros (por exemplo Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul) e para o Programa Nacional atualmente em discussão no CNPq.

No âmbito internacional o Programa Biota/Fapesp estabeleceu parcerias com a Diversitas, especialmente o core Project bioGENESIS cujo Science Plan foi concluído em evento organizado em conjunto na Fapesp, com o Biota África, com o ICSU-LAC e com o Scope.

Compreendendo que grande parte do sucesso do programa vem da permanente avaliação crítica e discussão com a comunidade de pesquisadores que atuam nesta grande área temática, este ano a renovada coordenação do programa promoveu uma intensa discussão do Plano de Metas e Estratégias para 2020 (Science Plan & Strategies for the next decade) - http://www.biota-fapesp.net/documentos/BIOTA_10_DRAFT_Science_Plan.pdf -, cuja 1ª versão foi amplamente discutida no Workshop Biota+10: definindo metas para 2020, sendo posteriormente submetida às instâncias superiores da Fapesp, buscando a renovação do apoio ao Programa Biota/Fapesp para os próximos dez anos.

Coroando um 2009 de muita atividade, três workshops (Biota+10, Applied Ecology and Human Dimensions in Biological Conservation e DNA Barcoding), e duas chamadas (Coleções e Acervos Biológicos & Biodiversidade Marinha) o Programa Biota/Fapesp ganha, novamente, o Premio Ford, desta vez na categoria Ciência e Formação de Recursos Humanos.

Aproveitando este novo reconhecimento da importância do Programa Biota/Fapesp para pesquisa em caracterização, conservação, recuperação e uso sustentável da biodiversidade, a coordenação do programa lança o novo site do Biota/Fapesp - http://www.biota-fapesp.net/ - e coloca seu Plano de Metas e Estratégias para 2020 (Science Plan & Strategies for the next decade) em discussão, para que pesquisadores que atuam nesta grande área temática possam, por 90 dias, enviar críticas e sugestões.

Terminado este prazo a coordenação do programa redigirá a versão definitiva do Plano de Metas e Estratégias, que guiará as iniciativas do programa nesta nova década.

 

Carlos A. Joly é professor e pesquisador do Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp, idealizador e atual coordenador do Programa Biota/Fapesp.