Fui motivado a escrever esse capítulo importante, e talvez desconhecido da comunidade científica, do qual fui protagonista.
Quando da Constituinte do Estado de SP, eu era secretário da SBPC. Num domingo bem cedo, fui acordado por um telefonema da Eunice (a Nicinha), se bem me lembro, pedindo que fosse à Assembléia Legislativa, pois estava sendo votado o artigo referente à Fapesp.
Mal desliguei e recebo outro chamado urgente de uma secretária do dep. Aloísio Nunes Ferreira relator da proposta de fixação de 1% do orçamento do Estado para a Fapesp.
O artigo havia sido preparado com os então presidente, Alberto Carvalho da Silva, e diretor Científico, Flávio Fava de Moraes, da Fundação; ambos estavam ausentes naquele domingo.
Fui rapidamente à Assembléia e não foi difícil encontrar o deputado no plenário em meio a discussões sobre artigos tratando de ensino e Universidades.
O tópico Fapesp, suspenso da aprovação por não haver sido convenientemente justificado, seria tratado pela terceira e última vez logo na seqüência. Como ele disse, foi um alívio eu ter chegado; era necessário justificar os 1%, pois o anteprojeto havia desaparecido e os deputados não compreendiam o por quê de tal montante para uma única instituição.
Aliás, alguns não entendiam por quê incluir a Fapesp na Constituição Estadual. Bastou uma frase: a Fapesp é a única instituição de fomento à pesquisa do Estado de SP. E foi mágica!
Fiquei até o final da aprovação, refletindo sobre a importância da SBPC, que, uma vez mais, contribuía de modo efetivo para o desenvolvimento do saber e da ciência.
Nos quatro anos em que participei como secretário da SBPC, convivi com pessoas extraordinárias que lutaram e seguem trabalhando, que desejam uma SBPC atenta e responsável frente às questões que envolvem conhecimentos científico e tecnológico.
A inclusão da Fapesp e seus 1% representa um capítulo, essencial, mas um apenas dentre tantos outros que, de 89 a 93, conseguimos escrever.
E sempre tivemos consciência de que uma SBPC atuante, vigilante e capaz de congregar, representa garantia de instituições (dentre as quais Universidades e Institutos de Pesquisa) mais fortalecidas.
Escrevendo esse texto lembro pessoas com as quais convivi, que muito trabalharam para uma SBPC ativa e criativa, dentre elas Ennio Candotti, José Albertino Rodrigues, João Steiner, Fernando Galembeck, Silvio Salinas, Maria Lúcia Maciel, Glaci Zancan, Isaac Roitman, Gilberto Velho.
E as guardiãs Eunice, Helenice, Maria Teresa, Teresa Maria, Wanda... Saudades!
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JC e-mail